Grazielly e o jet ski assassino
Ninguém ficará preso pela morte de Grazielly. É a impunidade que estimula barbaridades como essa?
RUTH DE AQUINO
Era a primeira vez que Grazielly Almeida Lames ia à praia, aos 3 anos. Pais sabem como tudo é festa nesse dia, eternizado em álbuns de família ou vídeos. Crianças brincam com areia, baldinho e água de um jeito maravilhado, que se perde com o avançar dos anos. O primeiro banho de mar de Grazielly também foi o último. Um jet ski desgovernado e em alta velocidade, ligado por um adolescente de 13 anos que caiu ao tentar pilotar a máquina, atingiu a cabeça loura de Grazielly. Deitada de bruços, ela se preparava para fazer um castelinho de areia. E morreu.
“Só vi aquele vulto vindo atrás de mim, batendo na cabeça da menina”, disse a mãe, Cirleide, de 24 anos. “Ela estava tão feliz.” A família é do interior de São Paulo. Mãe e filha tinham viajado para passar o Carnaval na praia de Guaratuba, em Bertioga, num condomínio. O pai, o motorista Gilson, de 33 anos, não estava no momento da tragédia. Ficou transtornado quando soube pelo cunhado. “Um jet ski é um brinquedo assassino” na mão de adolescentes, disse Gilson. “É a mesma coisa que deixar uma arma na mão de uma criança.”
Todos os possíveis culpados fugiram rapidamente sem prestar socorro. O adolescente, o pai, Marciano Assis Cabral, que tem posto de combustível em Mogi das Cruzes. E o dono do jet ski, filho e sócio do empresário José Augusto Cardoso, que hospedava o menino e sua família num condomínio. O depoimento do garoto, previsto para quinta-feira em Bertioga, não aconteceu por “medo do assédio da população e da imprensa”. Não se sabia, até o fechamento desta edição, se o adolescente de 13 anos chegou a pilotar o jet ski ou apenas deu a partida no motor.
Ninguém ficará preso pela morte de Grazielly. Nem os maiores responsáveis, os adultos que permitiram que um menino brincasse com o jet ski como quem brinca de bola na praia. O vídeo familiar mostra a menininha, que poderia ser filha, neta ou irmã de qualquer um de nós, encantada com o mar. Minutos depois, sua vida tinha acabado – e a de seus pais também. É a impunidade que estimula barbaridades como essa?
Conversei com Lars Grael, o velejador e atleta olímpico que amputou a perna num desastre no mar em 1998. “A impunidade no Brasil favorece a negligência criminosa. Pessoas continuam conduzindo embarcações a motor no meio de banhistas, surfistas e remadores porque sabem que nada vai acontecer com elas”, diz Grael.
O jet ski é uma motocicleta sobre a água, afirma Grael. “Se um menino pilota uma moto onde há pedestres, a chance é grande de atropelar e matar alguém. Por que há mais conscientização no asfalto que na água?” Um jet ski sofisticado alcança até 100 quilômetros por hora. As regras para seu uso existem, mas a fiscalização é risível
O piloto de jet ski precisa ser maior de idade e ter habilitação da Capitania dos Portos. Respeitar as regras do tráfego marítimo – entre elas, a distância mínima de 200 metros para a arrebentação e os banhistas. Usar colete salva-vidas. E conectar a chave de segurança, com uma cordinha presa ao pulso. Se o piloto cai na água, a chavinha se solta automaticamente do jet ski e ele é desativado. “Muita gente conecta a chave, mas não a coloca no pulso”, diz Grael. “É um absurdo. Nesse momento, o piloto assume que está gerando um risco para os outros.”
No caso de Bertioga, pode existir o crime de responsabilidade passiva. Quem aluga ou empresta jet skis para alguém sem os requisitos legais deveria ser condenado por assumir conscientemente um risco. A bagunça é generalizada. Nas praias lotadas do verão, há máquinas em mau estado de conservação. O mais comum é “confiar” na palavra de quem quer alugar o jet ski.
Não são colocadas as boias de delimitação para o jet ski sair da areia e voltar. A coisa está ficando num nível tal que a Marinha passou a dotar algumas Capitanias de bafômetro, para evitar bebuns na direção dessas motos aquáticas. Mas a amostragem é ínfima.
O drama transcende os jet skis. “Todo país desenvolvido com cultura náutica tem uma Guarda Costeira, com poder de policiar, abordar e prevenir”, diz Grael. “Esse debate deveria estar no Congresso. É uma omissão nossa, constitucional. A Marinha exerce voluntariamente esse papel, mas sua função é outra, de proteger a soberania nacional.”
Para patrulhar com eficiência mais de 8.000 quilômetros de costa atlântica e mais de 40.000 quilômetros de rios, lagos e represas, o Brasil precisaria, segundo estimativas, de 3 mil embarcações e 100 mil profissionais. Estamos tão atrasados que, para pilotar uma lancha no Brasil, basta acertar metade das perguntas de um exame teórico. Não há prova prática.
Se nada for feito, continuaremos matando criancinhas. Ou chorando por elas.
Com nota 900 na redação do Enem, presidiária no Ceará é aprovada no Sisu para UFC
Se não tivesse de pagar 25 anos de reclusão, a alegria da paulista Cynthya Corvello, 40, seria completa. Detenta do Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa, único presídio feminino do Ceará, Cynthya fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e conseguiu se classificar na primeira chamada do Sisu (Sistema de Seleção Unificado) para uma vaga em História na UFC (Universidade Federal do Ceará).
Para conseguir se inscrever na primeira chamada da universidade, Cynthya precisou contar com a sorte e boa vontade dos funcionários da UFC. Logo que soube do resultado, pediu que o pai, que mora em São Bernardo do Campo, em São Paulo, mandasse os documentos necessários, pelos Correios: histórico escolar e comprovante de segundo grau (o atual ensino médio). O material não chegou em tempo hábil. Ela teve de se inscrever com cópias.
Fonte: UOL
"Pedro Augusto Cardoso Doles 3A
"Na minha opinião, o fato dela ter estudado e se empenhado na turma do terceiro ano do presídio e ser aprovada na UFC (Universidade Federal do Ceará), tendo uma ótima nota no ENEM, é admirável perante sua realidade, porém não concordo com a idéia de Cynthya frequentar a universidade como outro estudante qualquer, pois ela cometeu um crime muito grave e não seria bem aceita pelos alunos da universidade, com receio do seu passado.
Letícia Dias n°: 20 3°A
" Não é possível formar a opinião crítica baseada apenas em uma notícia de conteúdo superficial, então consideremos esta produção apenas como resultado de observação leiga: Uma boa educação pode mudar a vida das pessoas.
Começando por especulações: se essa mulher não sofresse o sério desvio de conduta a quase vinte anos, talvez não chegasse a ter a oportunidade, ou nem se interessaria, em ingressar numa universidade. Do contrário, talvez até atuasse em uma profissão prestigiada. Indo mais a fundo, considerando a realidade brasileira, pode ter sido a falta da base educacional que a levou a cometer o crime que marcou sua existência.
Mais do que ambição pessoal, se formar seria a porta para a regeneração e reintegração social, a motivação do perdão a si mesma.
A situação não tem méritos de lição moral (a famosa “superação”), a presidiária deve ser aceita como universitária sim, mas deve pagar a pena sem amenidades porque nada relevaria os assassínios nas suas costas."
Ela errou de ter cometido o crime e deve pagar por ele,porém o direito de estudar não deve ser privado a nenhum ser humano.Por meio da educação é que podemos mudar essa triste realidade que acontece hoje em dia."
CAROLINE COSTA RAIDE / 3º A
Como ela é presidiária, ela tem muito o que enfrentar. E o preconceito que ela irá enfrentar é inevitável, as pessoas sempre irão ter uma certa desconfiança dela, pois o crime que ela cometeu nao foi nada simples. "
Flavio Camargo - 3º ?
"Eu sou a favor da detenta frequentar a universidade, pois o Brasil é um país de direitos iguais para todos, sem nenhum tipo de discriminação, ela cometeu um crime e esta pagando por ele, não quer dizer que ela tenha que perder vários anos da sua vida e ficar parada no tempo. E outra esse curso pode ajuda-lá a dar o reinício na sua vida. "
Thiago Alves de Souza/ 3º ?
"Do meu ponto de vista a detenta deveria cumprir sua pena, para depois poder entrar em uma universidade. Permitir que ela tenha feito a prova do ENEM e poder frequentar as aulas numa universidade, faz com que os outros detentos possam ter a mesma oportunidade do que ela, assim teríamos inúmeros presos que ainda cumprem a sua dívida com a sociedade no mesmo ambiente do que os outros. Não é preconceito, já que na minha opinião todos merecem uma segunda chance, porém ela deve pagar pelo seus crimes primeiro para depois ter o direito de reingressar na sociedade." - Marcela P. Brisola 3ºC / ETEC Ours
"O texto nos mostra que tudo é possível , quando nos esforçamos. Uma mulher criminosa que cometeu um duplo homicídio quis se entregar de volta a sociedade por meio do Enem e conseguiu.
Carolina dos Remédios n° 05 3° ano "A"
Guilherme M. da Cruz N- 13 /3º-C
Thais Almeida Galvão Nº34 3º A ETEC
" Do meu ponto de vista Cynthya tem todo o direito de estudar, pois ela teve esforço e dedicação para fazer a prova e conseguir, mais ela vai ter que enfrentar o preconceito que as pessoas vão ter, pois vão ter certa desconfiança por ela ser uma presidiária, mais se for o sonho dela eu acho que ela tem que seguir em frente, e vai ter que deixar de se importar sobre o que as pessoas dizem e pensam. "